agosto 26, 2006

CHAMAS

Quando descer aos Infernos
Há-de ser só p’ra te ver a arder e a gritar.
Quanto a mim,
Há muito que fui já julgado e condenado
Ao Inferno dos poetas.
Aqui, onde estamos submersos,
Observam de perto os juízes da sentença final.
E, no entanto, ninguém os pode sentir.
Tomam forma de carne e de osso, de pedra e de cal,
À espera de ouvir o meu último grito de dor.
Sinto-os como ninguém pois,
Para além das raízes,
Que me prendem e impedem de fugir,
Tenho algo que desconhecem...

Quando a senhora da foice curvada
Pela porta da frente entrar,
Apenas irá encontrar
Uma alma a crepitar
Na chama dos meus próprios versos.

mario lisboa duarte

expressão visual por Frederico Fonseca

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