outubro 05, 2006

CADAVRE EXQUIS I


expressão visual por Frederico Fonseca

Olhando por janelas maculadas,
O intenso odor de mundos,
Que só o Homem pode tocar.
O amargo sabor que o som
Transmite à mente
Transforma-se em reflexo na vidraça ,
Incólume, imóvel,
Ecoa…
Como Igreja transparecendo
Ecos do Nada, verdades-mentira,
Que do alto observa, julga,
Mas nada pode fazer senão ser
O que a sua Natureza lhe permite ser,
Nada mais, nada mais…
Ou talvez essa mesma vidraça baça,
Esse nevoeiro de Alma,
Esse misterioso Além-Homem,
Além-Tudo,
O que lentamente se torna inalcançável,
Como altar de desejos inibidos
Por ideais pré-concebidos.
Como inviolável peça de porcelana,
Violação de um espaço que não é seu,
O sol entra na gruta e as sombras nascem,
Erguem-se em protesto
De uma vida que não é sua.
E serpenteia, errante, pensando
Que aquele novo ser que o persegue,
Lhe pertence realmente.
Visões fugazes do que nunca foi,
Alma penosa, dorida,
Apaguem-se as luzes no fundo do túnel,
P
R
o
F
U
N
D
O
Talvez a vida.
Talvez a morte.

Margem d'Arte
(cadavre exquis feito a partir de uma folha A4, dobrada em vários lados (tipo leque) onde cada elemento foi escrevendo versos, sem ter noção do que se estava a criar. A única coisa em comum era o vinho, por sinal tinto, bom e honesto:-)

2 comentários:

Mário Lisboa Duarte disse...

Pronto... e lá está ele outra vez...

Anónimo disse...

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Bem, escreveram todos muito bem e sem que o outro visse...é obra. Assim para o instintivo é bom...quando sai bem.