novembro 07, 2006

(SU) POSIÇÃO


expressão visual por Frederico Fonseca

E se eu amanhã me matasse
Sentiriam porventura?
E se amanhã me elevasse
(Espero que esta febre passe)
Ao expoente da loucura,
E morresse e me matasse
E me fosse assim, simplesmente,
(Esta febre, esta agonia)
O que de mim ficaria?
O ar triste nas horas duras,
O sorriso disfarçado às escuras?
(Este mal estar que perdura)
E se eu amanhã me matasse...
Desfechando contra mim
Tudo aquilo que não quis encarar
Como verdade absoluta.
(Esta sina, esta labuta)
Se eu amanhã me matasse
Seria mais um filho da puta.

Mário Lisboa Duarte

8 comentários:

Sendyourlove disse...

mete-me medo ler nas palavras de outros os meus pensamentos constantes...

Anónimo disse...

nãoconcordo com o final se estiveres a condenar quem já (teve ) que recorrer à última instância...prefiro ler-te como se te considerassem um fdp, os outros os que não percebem. Sim, concordo com a loca, mete medo a concordância de pensamentos num tema tão´próximo do fim...

Anónimo disse...

Esse final está pejado de ironia. Como acontece com os grandes mestres, essa espécie de twist completa o poema. Aquilo que o sujeito poético parece querer deixar implícito é um ponto de vista de fora para dentro. Daí a revolta do s.p.

Dinis Lapa disse...

gostei do poema e adorei o final pelo som e pelo sentido.

Vida disse...

Consegui dar cá um salto, quero agradecer a simpatia e dizer-lhe que vou usar os seus poemas na exposição.
Espero mesmo que a febre lhe passe... um sofrido e dorido poema.

Beijinhos.

icendul disse...

e no para-lá, ficando a carne, viajando o espírito,que é o caroço principal, o mal estar pode continuar, se não se esperar pelo seu aplacar enquanto ainda se está por cá.

>>isto não é um julgamento sobre quem o faz, é uma partilha pessoal.

Anónimo disse...

Absolutamente brilhante.
Especialmente pelo final.

Anónimo disse...

Tá muito fixe...o ultimo verso acho que diz o porquê de tantos como nos, nao nos ter mos elevado " Ao expoente da loucura"...

Cumprimentos:

Um amigo =)