setembro 01, 2006

ESPELHO DE ALMA


expressão visual por Frederico Fonseca

Em certos momentos da vida,
Visito a estação de embarque,
Onde o comboio da Memória
Ruma direito ao Passado.
Mas de cada vez que faço as malas,
Decidido a partir,
Um imenso intenso nevoeiro
Teima em pairar sobre a linha.
E quanto mais vou avançando,
Mais denso se vai tornando,
De tal modo que, na janela embaciada
Apenas um vago reflexo distorcido,
Como que um espelho de Alma vazia…
Depois, seguem-se os longos túneis irrespiráveis
Que atravessam as montanhas da Solidão…
Aí, adormeço num sono profundo
Acordando em estações para lá do meu destino.
Com o olhar, ainda entorpecido,
Desembarco,
Ignorando que na placa à minha frente
Brilha um nome
...Esquecimento…

mário lisboa duarte

5 comentários:

Dinis Lapa disse...

há um mundo lá fora...acho que é melhor sair de casa

Mário Lisboa Duarte disse...

O mundo dos outros
É campo de flores
Com pétalas de arame farpado.
Tudo o que foge de mim,
Da minha aura,
Do meu ser consciente,
É território intransponível
Apenas possível de ser alcançado
Por uma qualquer granada de mão.
O mundo dos outros
É universo à parte,
Buraco negro, triângulo das bermudas.
O mundo dos outros
É corpo sem rosto,
Luz ofusca, navio à deriva.

Por isso, fiz do meu mundo
Um campo minado,
Onde eu próprio avanço
Com todo o cuidado.

Dinis Lapa disse...

acorda!

Mário Lisboa Duarte disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

O problema é que esse "imenso intenso nevoeiro" teima em aparecer só nas viagens para as boas recordações, nas más recordações o céu teima em estar escuro e cinzento mas tudo ai continua perceptivel...
Os parabens pela foto ta brutal;)

Cumprimentos:

Um amigo