setembro 13, 2006

ÚLTIMA VALSA


expressão visual por Frederico Fonseca


Tenho fome, quero mais,
Tenho fome, dá-me mais.
Em nome de mim,
Do teu deus nas horas sombrias
Sacrifica esse sangue
Essa réstia de vida que te resta
Esse teu pequeno pedaço de ser
Essa tua seiva congelada,
Para que possas receber
A chama ardente
Há muito adormecida.
Deixa-me que te consuma
Que me sacie, que me contente
Que te leve a amargura dos dias
A solidão de noites em vão.
Nessa tua eterna tempestade
Quero perder-me para sempre
Apagando o brilho fugaz
Desse céu esfarrapado.
Como lobo esfomeado,
Espero ansioso por ti
Para essa tua ultima valsa,
Que mais cedo ou mais tarde,
Tocará para mim também.

mário lisboa duarte

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