novembro 07, 2006

BIBLIOTECA DO SER

Do alto das estantes
Que circundam os salões da memória,
Por detrás do seu silêncio,
Do seu profundo sono profano,
O Conhecimento,
Toma a forma de lava incandescente
Prestes a ser expelido
Por crateras de inconsciente.
Arte, Ciência, Filosofia,
Plantas, Números, Teologia,
Política, Amor, Feitiçaria,
Obras secretas, obras ocultas,
Proibidas, perdidas, desconhecidas,
Obras confusas, palavras pensantes…
Aqui,
Na Biblioteca do Ser,
A Senhora Dona Moral,
Bibliotecária caduca mas afamada,
Guarda as suas portas com grave cuidado.
De cada vez que a consulto,
Veda-me a passagem
Ameaçando engolir as chaves
Que guarda com o maior secretismo,
Não vá algum ser curioso, como Eu,
Largar fogo com um só sopro
Na chama nefasta da vida.

Mário Lisboa Duarte

expressão visual por Frederico Fonseca

2 comentários:

Anónimo disse...

quando era pequenina, uma das coisas que queria ser quando fosse grande era bibliotecária...depois cresci e escolhi uma licenciatura sem emprego mas ligada aos livrose agora que estou a terminar uma tese de mestrado passo muito tempo em bibliotecas e não me custa nada! Volto a sentir-me pequenina e gosto de me sentir rodeada por tanta coisa que nunca saberei...

icendul disse...

face a esse estômago devorador, haja um pulsar cardíaco a ditar sempre-novos, sempre-mais mapas de procura.